[VOCÊ É MINHA MEDITAÇÃO]
Coração verde.
Por dentro me moram dois alguéns
E nas manhãs, pois me acordam às cinco e meia
Sou o último a saber com qual dos pés voarei
É esse meu gêmeo interno que decide
Me ponho de pernas cruzadas a balançar um chinelo de avô
Sorvendo uma água fumegante
Pescando gengibres com dentes de cavalo
Minhas mãos sobrepostas de barriga pra cima formam uma concha do desalento de acordar
A floresta adentra e eu avanço com ela
Quando mato, vivo
Quanto mais dentro mais entro em clareiras
A transição entre o chão e o mergulho
Matagais, manguezais, mananciais
Tanto viramos meninos
Na sombra da luminária vimos
Girassol, nave espacial, cacto, tartaruga, boto
Em pé nos pedais, a pé na rodovia
Amendoins, livro de matemática, tecidos sobre a grama
Crianças carimbam folhas em folhas
Crianças escorregam no papelão
Crianças começam a falar, a andar, a chorar e a gritar
De quem são esses olhos pendurados aí?
Um pedaço de queijo para esse rato morando no seu peito
Metodologias da atenção, semáforos vermelhos
Pega o blush, travesseiro de espátulas
Você é minha meditação