[UMA NOTA SOBRE FARELOS]

Eu sei que você faz essa cara quando o assunto é farelo. Cuidado, ela vai brigar com você por causa desses farelos todos aí. Não se preocupe, quer dizer, ainda não, ainda é cedo. Só lá pela vigésima quinta vez é que eu vou começar a te odiar mais e mais a cada farelo, eu e o meu sensor de farelos de alta precisão.

Sim, estamos falando de quilômetros e tudo mais, sou capaz de ouvir, e a pior parte é sentir e prever. Enquanto digo não, tudo bem, não tem problema, imagino mil maneiras de arrancar suas unhas com uma folha sulfite.

Penso à frente, você sabe. Se cada farelo deixado hoje se somar com os de amanhã e com os de depois de amanhã, e com os de setembro, chegaremos na ceia de natal com um pão feito de farelos, um pão mutante que irá nos juntar devidamente e nos jogar na lata do lixo, como deveria ter sido ao contrário desde aquela terça-feira à noite onde tudo começou inofensivamente após a volta da padaria com os pães crocantes, os mais gostoso e os mais fatais.