[TUDO É HUMANIDADE]

Jordana Machado
1 min readAug 5, 2020

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Uma cabeça desgraçada não olha a torrada
Diferentes tons de dourado
Não percebe os crécs
Dormente para a mão que mexe daquele jeito
Ponta de dedo
Vão se embora os farelos

Essa cabeça só vê pão
Desce fermento, desce bolota
Desce entucho, desce entalo
Sedimentada na lama morfológica da palavra única
Bate e martela, e rebate e repete
Enfiando um monte de coisas dentro de si, dentro de se

Semântica das coisas é um sonho de tudo, de todo
Flutua
No começo era correr atrás daquela borboleta
Agora chega

Não é questão de mudar rumo ou desfecho
Conjecturar caminhos cagados à exaustão
Só se quer entender
Só o que se pede é o entendimento
Nada mais seria do que um mapa
Exato local aonde as pessoas deixaram seus corações caírem
Vê?
Essa gosma vermelha no chão dos continentes?
É sangue.

O telhado de uma casa é cabeça
Já reparou nas coisas que as pessoas jogam em cima dos telhados?
Bituca de cigarro, pneu de bicicleta,
pedaços aleatórios de madeira, esqueleto de cadeira,
remendos, remendos aos montes.

Um dia jogaram uma casca de laranja
Produto de momento
Sentar no sol, descascar,
chupar com vontade, o líquido escorrendo pelos braços
E o telhado desaba
Jogaram uma coisa bonita na sua cabeça e você ruiu. Créc.

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Jordana Machado
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Written by Jordana Machado

[Literatura entre colchetes] Instagram: jordanamachado1

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