[TRILHA PARA O DESENCANTO DA ILUSÃO]
[“Sinto reacendendo a chama que me chama pra vida. Me contemplando virtudes que a tempestade havia levado de mim. E digo sim ao que a alvorada me sugere. Tudo me diz respeito. Ainda ciente de uma vida linda. Paciente pra entender o que preciso. Enquanto se lembram do amor só quando se perdem da paz? Crescer por aqui há de ser doloroso demais.
Observe que a vida é renascer de quando em quando. E perceba o momento de se transmutar chegando. Longe do eco da palma da mão que não aquece. Trazer consigo a mudança no mundo que tanto anseia. Saber o que é bom pra si sem precisar se degradar. Sentir antes de pensar, não esquecer de lembrar, de viver, a eterna pretensão de se expressar. O que se pode perceber do que não se entende. Mas apesar de tudo sente que é um presente. Libertação do medo de existir. O fio da vida emenda aqui. Tudo é parte de você, é nossa responsa interagir. E o riso após o choro é a vida que brota do chão.
Se envolver com o que há de enriquecer o discernir. Que o que te cabe é existir no que te faz querer crescer. Que o salto no sentir traz a chave pra se entender. Não derramar seu cálice em mares turvos. Nutre o jardim de quem ainda não se viu como se deve. Ao guardar a luz que preservei ao vagar no escuro. Cuidado com o que quer sentir, tudo aqui é um eterno eco. Te faz sentir vivo o que te comove. E renasci ao refletir o olhar de quem me deu a mão.
Ainda vejo o mundo com o mesmo olhar de criança. Temendo o que não conheço, mas tão cheio de esperança no futuro. Curioso ao ponto de tentar. Agradecer pela casa, a cama e a mesa. Dilema de brasileiro que escuta o galo cantar. Igual meu primo, só conseguiu ser gente fina porque escondeu bem sua dor. Sequela da pátria favela. Nossa mãe, mulher que mata um leão, mais de um por dia. Mas deixa pra lá. Pelo menos inventamos o avião. Não! Roubamos o céu de quem voa ao pensar que os anjos não viam. Enquanto os pássaros vinham pra ensinar a sermos pássaros. Não pra pôr em seu caminho semáforos. Nem transformar floresta em fósforos.
Começa a ver que o vidão que dão na televisão não passa de morte. A vida pra mim é dos índios, eu mando um salve pros fortes. Que escondidinho lá na Amazônia vive em choque. Dos demônio americano vir com as tropas de choque.
Irmãos, sejam leões, espíritos de aldeões. Que grandes templos se construam, mas em nossos corações. Só existe o agora. Agarre o ar que te circunda.”]
Trechos das músicas Alvorada, Novo Dia, Religare, Vive Aqui, Giramundo e Carta aos Caçadores de Leões; do Síntese. Você pode ouvir o álbum completo aqui.