[TEMPO PARA ENVELHECER]

Jordana Machado
1 min readMar 7, 2020

--

Distração, um destrambelho, fala e fala mais com a porta aberta, os barulhos externos vão entrando, eles sempre entram e o estrago vem, claro que vem. Pra finalizar com chave de ouro, a mão pesada, desmedida, bate a porta e a vontade de xingar cresce, ela sempre cresce. Uma criança acordou, depois outra, então todas, efeito cascata que no lugar da água caem as pedras.

Quando era criança, toda vez que o irmão irritava, pegava o carrinho preferido dele, subia os dois lances de escada e pááááá, jogava ele lá embaixo. O carrinho. Espatifamento de filme, igual. Aqueles filmes de ôminho. Aqueles que passam em todas as salas de cinema, o cinema tem 5 salas, passa em 4, porque na outra sala tem alguém cá cueca em cima da calça, ou voando, alguma-coisa-a-origem, alguma-outra-coisa-o-retorno. Aqueles que passam no domingo de noite. Aqueles que passam, reprisam, remake, passam, mas não passa, morre desgraça.

Descobriu que algum colega de trabalho usa a sua xícara na sua ausência, pelas suas costas, debaixo do seu nariz, dentro do seu próprio trabalho, com a sua xícara. A insensatez, porque essa palavra não serve só pra nomear perfume ou letra de bossa nova. Depois querem luva, máscara, álcool, água sanitária, destilada, perfumada, importada, em pó, avental, um nariz novo, um corpo novo, imortal, crepúsculo, a convivência vira um lobo versus robert pattinson, que agora também faz filme de ôminho. Uma epidemia.

--

--

Jordana Machado
Jordana Machado

Written by Jordana Machado

[Literatura entre colchetes] Instagram: jordanamachado1

Responses (1)