[BRAÇO VERDE E JOELHO ROXO]
Prosas corporais.
Observar os limites.
Transitar pelo suportável.
Reconhecer os pedaços escondidos.
Furar com faca sem fio.
Mastigar as rugas das cascas da serra.
Gravar nos nervos um vapor de inverno.
Pedaços de carne interligados por juntas, marinados em glóbulos, envoltos por tecidos.
Em contato com o chão, soltando tudo que é nesse piso.
Derretendo células mortas.
Misturando cheiro com os farelos.
Adentrando fios de cabelo na quina de uma porta.
Penetrando o último dedo na borracha gasta.
Encontrando a queda quente da esquina do quarto brônquio esquerdo.
Alinhavando a ilha situada na silhueta lisa dos leitos de todos os alvéolos.
Deslizando dos lados das lentes lunares e dentro das luvas de louças lotadas de líquido pleural.
Escavando o ar das veias dos ventos, fincou 206 ossos no meio do peito da erva daninha que nadava no poço do afeto.
Pendurando as fibras nos arados do meio do mundo, arrastou a face de 365 demônios no meio do passeio público.
Desenhando círculos nos joelhos roxos, fabricou na frente de um feroz tufão uma circunferência fitoterápica que sente sede.
Arqueando corais de tendões alados, flutuou nas películas das lâminas de um rosa bebê e de um azul celeste.
Cravando toques em clavículas, bebeu longos tragos de ombros e quebrantos de claquetes de filmes já requentados.
Embrenhando nas beiras dos poros, alcançou os olhos no pescoço recortado e imaginou a sensação de um breve braço pintado de verde.