[ACHADOS E PERDIDOS]
Ninguém sabe cadê, d’onde está,
foi parar debaixo d’alguma cama, num canto
gaveta de tranqueiras, quartinho dos fundos
sem arquivista, caixas organizadoras
etiquetas, método japonês para
o gato comeu, se escafedeu.
O paradeiro, localização
mapas, satélites
que viram lá do alto que você sorriu sem querer sorrir.
Perdemos a hora, o sono,
o campeonato, o par de meia cinza,
a eleição.
Não sabemos aonde está Belchior,
o padre do balão,
as amizades da eternidade nas dedicatórias em última folha do caderno.
Esquece de ligar no dia de ligar, porque ninguém liga.
A dica para o arroz perfeito, para o amor perfeito,
guarda-chuva na bolsa, o sal,
as chaves, as senhas.
Na noite da sexta-feira,
o louco das cartas do tarô baila pela rua,
de cabelo amarelo trançado,
de pernas de pirilampo saltimbanco,
jogando pro alto pacotes de biscoito da sorte,
potes de óleo de côco
e links de vídeos que você precisa ver, e decorar, e praticar.
A rosa dos ventos, faróis
pegadas, miolo de pão,
teorias, respostas no gabarito.