[99% PLANO PERFEITO, MAS AQUELE 1% É IMPROVISO]
Pensando que não é mesmo uma boa ideia fazer uma refeição enquanto se assiste o seriado Hannibal, ao mesmo tempo em que o vizinho está cantando Wesley Safadão à plenos pulmões há mais ou menos 3 horas ininterruptas, então uma lata de Coca cai no texto do Durkheim.
Que dia peculiar.
Uma pessoa que consegue sentar numa padaria e ler Freud enquanto o Péricles tá cantando vem-amor-te-chamo-na-minha-canção-vem-me-beija-vamos-viver-essa-emoção, tá preparado pra tudo nessa vida cheia de incertezas. Mas uma coisa é certa: qualquer, eu disse qualquer palavra que você jogar no campo de busca imagens no Google, em algum momento vai aparecer fotos de armas, comidas ou cadáveres.
Entro num Habib’s em busca de tomada e ar-condicionado. Acabo assistindo Montpellier (ou algo do tipo) X PSG, comendo um mousse oleoso e chegando a uma constatação. Coisas que dizem ser importantes mas na verdade são chatas: Piaget, Neymar e fio dental.
Desisto e abro minha palavras cruzadas.
288 páginas de 30cm do mais puro creme da fritação semântico-gramatical.
Desisto e abro o jornal.
Comé que pode né, bicho.
Em House of Cards há o mínimo de elegância e sofisticação.
Aqui não, aqui é na zuêra mêrrmo, no escárnio, um meme a céu aberto.
A pergunta da prova não sai da minha cabeça.
‘Qual metodologia você sugere?’
A gente dá a resposta que querem ouvir, mas a resposta mesmo é: bóra fazê, carái!
Vez em quando eu dou uns deslizes aí numas drogas. É foda, encosto numas pesadas. Geralmente eu uso: me apaixonar umas 274 vezes por semestre; dar F5 no inbox e explicar coisa óbvia pra ômi.
Recebo uma mensagem.
— Ficaram me arrastando pro Cristo e pra Lagoa Rodrigo de Freitas; e também o tal do biscoito e do chá.
— Se for pra ir no Rio e não ficar ouvindo Beautiful e fazer a dancinha do Snoop Dogg e do Pharrell na escadaria da Lapa eu nem vou.
Espero por um ônibus das 18:20h até às 21:10h. Momentos valiosos que permitem analisar se o ódio de classe tá em dia.
Você percebe que está no bar em um dia que não deveria estar quando vai ao banheiro e tem papel. Coreografando Jair Rodrigues no nado sincronizado em 400 metros nado livre em caipirinhas de morango. O olhar de quem passou a noite toda maratonando Michael Jackson e reconstruindo a linha do tempo do rap nacional.
Alguém finaliza com uma análise contemporânea sobre os desdobramentos capilares. Não falo nada, mas penso: Cyndi Lauper fazendo sidecut e risco de navalha no cabelo desde 1983, e o Cristiano Ronaldo achando que inventou a roda.